Dia X da quarentena, não se sabe mais quando vai acabar, já é temor mundial, e, para muitos enfrentamentos pessoais, políticos e sociais. Já não há mais contagem dos dias, horas e minutos, a importância mudou, está em permanente construção, nos lares, nas famílias. Quanto a vida é importante? De onde vem a ausência de preocupação de determinadas pessoas? Será de uma crença? A insônia vai e vem, as noites se tornam mais longas e os dias mais curtos. O trabalho e os estudos continuam, a rotina, sumiu, pelo menos para algumas pessoas. Cada um encontra seu espaço. Será que há momento de paz? A mente e o físico clamam por descanso nesse isolamento que não poderia ter fim até que fosse controlada a situação. O dia de amanhã é incerto, as consequências permanentes, por aqui a narrativa se encerra, no último suspiro de muitas pessoas. 

Lockblue.

Indigna-me, 

Me tortura

Me dá nó.

Nó que me faz engasgar. 

Se sente assim? 

Gostaria de saber,

Há quem se diz sabedor, 

Dono de toda a inteligência 

Se equipara a um ser superior, 

Só que está cego a certo ponto, 

Aquele que o mundo inteiro está contra

Aquele que já foi alertado, 

Vai dar errado, 

Vai sim, 

A gente sabe,

Mas Falar já não adianta,

Estão todos cansados,

A Luta não acaba, 

O problema mesmo é gritar,

Gritar para quem está surdo por opção,

É o fim para alguns, 

O começo para outros, 

O tempo não para. 

Lockblue.

Tú viu? 

Viu que te notei sem sequer ter me notado?

É o problema de ser confusa

Gosto de tanta gente, convivo com tanta gente mas sequer sei quem sou 

Sequer sei que rumo tomar. 

Pois é, 

Mais um passo a dar. 

Lockblue.

Será que simplesmente não querer acreditar que cada um tem o seu ritmo e o fato de tudo vir no tempo certo é um pouco de pessimismo de pessoas com almas inquietas ou é só um acaso da vida? O entorno diz muito sobre quem somos pela maneira que agimos, mas será que na verdade não estamos todo tempo em construção inventando e reinventando quem somos em constante melhora independente de ser perceptível ou não? Eis aqui um questionamento de um dia chuvoso e turbulento. 

Lockblue.

Você percebe a importância de alguém na sua vida quando sua risada mais sincera só aparece na presença dela como se fosse o seu porto seguro. Assim paira a confiança, guardada como se fosse em um potinho endereçado a uma única pessoa e só esta estivesse com a senha para abrir e descobrir todos os segredos gostosos que são viver e conviver com alguém. 

Lockblue.

Passando por estradas, estações, paradas, muita coisa já vi, já senti.

Nessa imensidão da vida, que colore o dia, por obséquio, destrói a alegria em um dia nublado e chuvoso.

Tanta gente, tanta coisa, tanta história,

Você é só mais um, único, sozinho, já se sentiu sem importância? Já encontrou a sua própria importância? Percebeu que só você importa para si mesmo? Pois é, aí que fica o questionamento e a vida passa. Adiante tudo continua em um imenso círculo de acontecimentos, inacabaveis e controláveis por nossas escolhas. 

Lockblue.

       Escrever é uma atividade singular. Tanta gente escreve, então qual é a importância? Bom, algumas pessoas precisam, só que para a grande maioria denega-se a originalidade da atividade do escritor, pois se tanta gente escreve, como pode haver algo diferente? Há muitas coisas similares, não é mesmo? Pois lhe digo, as vezes as pessoas não enxergam a olho nú, mas permanece nos traços mais simples, na forma mais singela, as suas determinadas características. Tenho estado fora desse mundo da escrita por um bom tempo já, mas tudo retorna, a saudade vem, a vontade se sobressai a todas as demais coisas que me afastam. Escrevo sem saber ao menos o português da forma mais correta, e até acredito que eu esteja muito longe disso, cheia de defeitos, eu até gosto, demonstra quem eu sou, a escrita se torna a minha identidade, ou pelo menos transparesse quem eu sou.

Lockblue.

As pessoas se escondem
dentro de máscaras, de mentiras, de palavras,
escondem sentimentos, sensações e a verdade,
aquela mesma,
a que fere, rasga,
tudo isso para evitar confusão e tristeza,
aquela que é inevitável,
que uma hora, a verdade irá alcançá-la
e tudo virá a tona,
simples assim.

Lockblue.

De repente senti aquele cheiro que ligou a minha mente a outro momento, um deja vú bem indesejado naquela hora, e ficou por um período de tempo assim, até que enfim me libertaram desse pequeno castigo, talvez o termo certo seria, um lampejo de tristeza, que me fez perceber que não há mais ódio, raiva, rancor, ou até amor, afeto, carinho, a realidade é que não existe mais nada, apenas o perdão que se instaurou e a insignificância que tornou tudo em mais um apenas.

Zoemi.

LIVRES
              ALMAS
                            CONTEMPLAM
                                                         AQUELAS
                                                                            QUE
                                                                                    SE
                                                              DEIXARAM
                                      APRISIONAR
                        NESSE
        MUNDO
                       TÃO
                                TRISTE.
                                               LOCKBLUE.